Como a osteopatia impulsiona a carreira do fisioterapeuta que atua com fisioterapia esportiva?
O fisioterapeuta esportivo tem uma grande responsabilidade: preparar e recuperar o atleta para que ele desempenhe sua função na atividade e conquiste seus objetivos. Cumprir esse papel da melhor maneira possível requer dedicação, experiência, sensibilidade e um estudo que envolve a integralidade do ser humano – é por isso que a osteopatia faz a diferença na carreira do profissional de fisioterapia esportiva.
A especialização em osteopatia complementa o conhecimento que fisioterapeuta adquiriu na graduação. Por ter áreas de estudos mais amplas, que consideram todos os sistemas do corpo, o profissional é capaz de entender melhor as patologias, os sintomas e quais tratamentos devem ser aplicados em cada caso. A partir do momento que o profissional entende sobre o raciocínio osteopático, ele sabe que uma dor nos pés, que prejudica o desempenho de um jogador de futebol, pode ter origem em outra região do corpo.
A Dra. Vanessa Cittadini, fisioterapeuta, monitora e coordenadora da unidade EOM SP, trabalhou durante 5 anos no Esporte Clube Pinheiros, o maior clube privado da América Latina, localizado em São Paulo. Em sua trajetória, atuou com a equipe de handebol, logo entrou para o projeto olímpico do clube e alguns anos depois, fez um ciclo olímpico pelas categorias de base da Seleção Brasileira Feminina de Handebol, sendo fisioterapeuta do juvenil da seleção, acompanhando as atletas nos Jogos Pan-Americanos no Chile e mundial na Eslováquia. Com uma bagagem tão rica nos esportes, ela nos falou sobre sua experiência com a osteopatia.
“Durante os períodos de trabalho, eu tive vários casos em que utilizei a osteopatia, porque ela é uma baita ferramenta na mão de qualquer fisioterapeuta. No esporte, é um instrumento muito eficaz, porque a gente precisa acelerar o processo de recuperação, pois o retorno do atleta tem que ser o mais rápido possível.
O fisioterapeuta que se destaca no esporte tem que ter essa consciência de que ele precisa fazer com que o atleta retorne o mais breve possível e bem.
A osteopatia fez com que eu me diferenciasse tanto na recuperação mais rápida de atletas quanto para os casos mais complexos, que demorariam mais para serem tratados, porque ela me trouxe um conhecimento mais profundo, permitindo que eu detectasse o que estava acontecendo.”
Identificar a origem da dor é uma etapa importante para garantir a eficácia do tratamento na fisioterapia esportiva e que exige do profissional um conhecimento que vai além da biomecânica do paciente. A Dra. Vanessa se lembrou de um caso que ilustra bem o que estamos falando!
“Me recordo de um ginasta, que hoje é medalhista olímpico, na época ele era bem novinho lá no Pinheiros e tinha uma dor na lombar que era importante e estava difícil de melhorar. Eu fiz uma avaliação e vi que tinha uma relação com a parte ocular. Durante a conversa, ele contou de um trauma que teve uma vez fazendo um exercício com um elástico no pé, em que o elástico soltou e bateu no olho dele. Teve sangramento e ele ficou um tempo de recuperação. Quando fiz uma avaliação, percebi que mexendo no olho dele, fazendo com que o olho tivesse uma ação, a dor na lombar melhorava.
A gente tem técnica na osteopatia para avaliar os captores posturais e também o que pode estar relacionado com aquela dor.
Eu mexi na musculatura do olho, fiz um trabalho craniano específico no olho e a lombar dele melhorou muito. Uma outra atleta da seleção também estava com uma queixa de dor lombar e quando eu mexi na região do útero e do ovário, conseguimos melhorar muito. Ela estava com crise de cólica muito forte no dia anterior do jogo e se eu não tivesse conhecimento dessa região toda, das vísceras pélvicas, não conseguiria melhorar tão rápido para ela poder ter um resultado bom no jogo, porque já não adiantava dar analgésicos, pois a dor causava fraqueza e prejudicava o desempenho na competição. Quando a gente mexeu nas vísceras, a dor melhorou.
Conseguir sentir o paciente em suas minúcias e dominar todas as abordagens osteopáticas requer tempo, mas isso está diretamente ligado ao fato do fisioterapeuta interiorizar a filosofia osteopática e também influencia na forma como ele é percebido na equipe de trabalho.
“Eu vejo que todo fisioterapeuta esportivo que tem a questão da osteopatia dá um salto muito grande no processo de recuperação como um todo. Vemos várias modalidades no mundo que usam o osteopata, a Europa tem o fisioterapeuta e o osteopata que acompanham, já aqui no Brasil, temos o fisioterapeuta osteopata, que tem essa vantagem de ser os dois. No Tênis, por exemplo, a maior parte dos profissionais que fazem atendimento são osteopatas. Você tem uma grande ferramenta nas mãos, porque com algumas manipulações, já consegue melhorar a mecânica que sofreu algum trauma até mesmo enquanto está no jogo.
Já aconteceu de um atleta meu cair, ter uma contratura na cervical, e no mesmo momento avaliei, mobilizei, manipulei e ele já teve a soltura. Teve um espasmo, um torcicolo, que no intervalo do jogo eu avaliei, manipulei e ele voltou pro jogo sem dor.
A osteopatia me diferenciou no esporte, sem dúvidas, fez com que eu crescesse e atingisse um nível bem interessante. Ela permitiu um crescimento para onde eu gostaria de ir, que foi a Seleção Brasileira.
A fisioterapia esportiva é uma área popular, mas que ainda deixa dúvidas na cabeça dos fisioterapeutas. Perguntamos para a Dra. Vanessa como é vivenciar essa área:
“A área esportiva é uma área muito bacana de atuar, porque você não tem rotina, é sempre muito dinâmico. As ações do fisioterapeuta mudam a cada dia e você aprende muito na prática, porque vem tudo que se pode imaginar de trauma e lesão, principalmente a parte do trauma, que lidamos muito e que não é comum no dia a dia do consultório, que costuma ter mais lesões crônicas.
A variedade de traumas também é interessante na fisioterapia esportiva. Na ginástica olímpica você tem muita queda, no handebol, um esporte de muito contato, eu brincava que era uma aventura, porque poderia vir um trauma de face, um entorse de tornozelo ou um trauma cervical. Eu já tive atleta que teve afundamento de face nesse contato, além de lesão muscular, porque é muito esforço e tem bolada na cara do goleiro. Fora isso, tem lesões específicas, como uma unha que prende na outra e até lesões clássicas do esporte, como ruptura do ligamento cruzado anterior. Para quem gosta, o esporte é uma área muito bacana de trabalhar, mas que exige muita dedicação e tempo de observar esse atleta em sua performance.
Pedimos para a Dra. Vanessa Cittadini deixar uma recomendação para fisioterapeutas que desejam ingressar na área de fisioterapia esportiva!
“O mais importante que eu deixo para o fisioterapeuta que quer trabalhar com fisioterapia esportiva é que é um tipo de paciente que a gente não pode achar que vamos deixá-lo sempre 100% para estar apto, mas sim que vamos deixar, na parte de função, o melhor possível para ele desenvolver a profissão dele, o gesto esportivo dele.
Muitas vezes você tem que passar um pouco por cima do tempo biológico para esse atleta estar em sua atividade. É uma luta contra o tempo, mas essa é a diferença de você conseguir recuperar um atleta fundamental para uma equipe ou um atleta que tem uma modalidade individual. Muitas vezes, está tudo na mão do fisioterapeuta, a comissão técnica espera o aval para poder trabalhar ou não com esse atleta e isso muda toda uma questão de competição, de jogo, de patrocínio… é muito gratificante, porque no esporte a gente sente a importância da fisioterapia. Todo mundo ressalta muito essa importância e o atleta não vive sem o seu fisioterapeuta.
Consegue imaginar o quanto é especial poder aplicar todo o conhecimento adquirido na graduação em fisioterapia nos atletas e ainda potencializar os resultados com a osteopatia? Se esse é o seu sonho de carreira, invista na Formação em Osteopatia da EOM.