Atleta de alto rendimento: quais as recomendações para fisioterapeutas que desejam atuar com ele?
Com uma prática que combina atividades e modalidades terapêuticas para restaurar, estabilizar e estimular a saúde do atleta de alto rendimento, a fisioterapia esportiva é uma área muito procurada por fisioterapeutas que desejam dinamismo e desafios em sua rotina de trabalho. Mas tantas especificidades exigem uma boa preparação por parte do profissional!
Os fisioterapeutas esportivos podem atuar com pessoas que praticam esportes no dia a dia, com equipes esportivas, além de acompanhar atletas de alto rendimento. O espaço desse profissional também cresce à medida que eventos esportivos ficam mais em evidência. A área de atuação vai depender muito dos objetivos do profissional, perfil de atendimento e das especializações que ele procura.
Fisioterapeutas que acompanham atletas que participam de competições de alto rendimento, por exemplo, desempenham um papel fundamental no ganho de equilíbrio, flexibilidade, força muscular, potência e propriocepção. Sem contar a reabilitação e os atendimentos naqueles casos em que o atleta se lesiona durante suas atividades – não é difícil de entender porque toda equipe esportiva não vive sem seu fisioterapeuta por perto e porque ele precisa ter conhecimentos que vão além da biomecânica.
A Dra. Kamila Teixeira, aluna da EOM SP, trabalha há 9 anos com atletas de alto rendimento e trabalhou por 4 anos com a seleção olímpica de atletismo, pelo Clube de Atletismo BM&FBOVESPA e pela Confederação Brasileira de Atletismo, além da experiência com o comitê paraolímpico brasileiro. Ela compartilhou algumas peculiaridades do trabalho com atletas de alto rendimento com a visão de quem já está nessa realidade:
“Quando a gente fala de esporte de alto rendimento, pensamos logo em microtraumas de repetição, são pessoas que repetem o mesmo gesto 400, 500 ou mais vezes ao dia. Então, se houver algum desequilíbrio naquele atleta, algum desalinhamento ou desajuste de tensão, somado a esse movimento repetitivo, a chance dele ter uma lesão é grande. Que é o que acontece! Na epidemiologia de lesão no esporte a gente tem muito mais episódios de microtraumas, quando falo de atletismo por exemplo, temos muitas tendinites.
Em meio a uma rotina de treinos que faz valer a expressão “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.” o atleta de alto rendimento precisa do suporte de um profissional que possa oferecer mais do que técnicas. Inclusive, foi esse motivo que fez a Dra. Kamilla procurar a Formação em Osteopatia. “Com a osteopatia eu sei que vou conseguir olhar melhor esses pequenos parâmetros de disfunção e fazer essas correções de modo a melhorar e prevenir esses microtraumas de repetição. Eu já trabalho há muitos anos com terapia manual e já conheço os efeitos desses ajustes nos atletas. Quando penso em osteopatia, como ela estuda muito as cadeias lesionais eu consigo visualizar que um corredor, uma queixa que ele tem no no pé, pode ter uma origem muito longe dali. Não adianta eu ficar ali só fazendo intervenções e exercícios no pé, se eu não olhar o corpo do meu atleta como um todo, por exemplo a boca do meu atleta.”
Entender sobre o raciocínio osteopático é uma maneira que o fisioterapeuta tem de oferecer melhor tratamento ao atleta de alto rendimento
O raciocínio osteopático envolve um amplo conhecimento do corpo humano e todos os processos envolvidos em seu funcionamento. Quando você pensa dessa maneira, consegue saber exatamente o que fazer com seu paciente. A Dra. Kamilla, mesmo com tantos anos de experiência com atletas de alto rendimento, sentiu a diferença.
“Eu tenho plena convicção de que o mais importante na osteopatia é o raciocínio. Ferramentas eu posso ter inúmeras, inclusive a osteopatia também traz isso, mas o mais valioso de tudo é o raciocínio. Pensando em tudo o que eu já estudei, inclusive nas aulas teóricas que tivemos agora na quarentena, eu consegui transferir para a prática e consegui ser mais assertiva.
O fato de ter aprendido um raciocínio diferente, uma nova forma de olhar, faz com que eu pegue as ferramentas que já tinha anteriormente e aplique com o raciocínio osteopático.
Quando eu penso no esporte paralímpico por exemplo, é muito comum que as pessoas olhem para um deficiente visual e pensem que fisicamente ele tem as mesmas habilidades que outros atletas, mas isso não acontece! Muitas vezes, em uma deficiência visual, o atleta tem um ressecamento ocular mais de um lado do que o outro, o que gera uma assimetria craniana e uma alteração de posicionamento e cabeça. Essa alteração de posicionamento de cabeça vai fazer com que ele reorganize o corpo de uma maneira totalmente diferente de quem tem uma visão normal, gerando mais sobrecarga de um lado do que do outro e aumentando as chances de lesão em comparação a um atleta convencional.
Imagine um atleta que tem amputação de membro superior. Podemos pensar que ele corre normalmente e corre mesmo, mas a falta daquele abraço gera um desequilíbrio de massa corporal. É importante pensar em como ele vai compensar, porque vai gerar uma sobrecarga.
A osteopatia ajuda a olhar o corpo do atleta de alto rendimento de uma forma mais integrada, mais global e esse raciocínio se aplica a todos os tipos de atendimentos.
Falo muito do paralímpico porque é a realidade que estou inserida, mas lá também temos atletas que são atletas guias e eles também sentem um pouco, porque usam uma cordinha que os liga aos atletas que são deficientes visuais, é assim que conseguem orientar o caminho. Isso gera uma sobrecarga, já que ele vai correr na passada do atleta deficiente visual, o que pode gerar diversas disfunções. Com a osteopatia eu posso olhar de modo global para esse atleta também.
A área esportiva, principalmente no que diz respeito ao atendimento de atletas de alto rendimento, exige dinamismo e aperfeiçoamento constante
Buscar conhecimento é o caminho para conseguir se destacar na área esportiva e entregar o atendimento que os atletas exigem. O Dr. Daniel Queiroga, monitor EOM, lida com lesões em ombros nos atletas de Crossfit e Jiu Jitsu, pubalgia nos ultramaratonistas e muitas outras questões ligadas a rotina de atletas de alto rendimento. Ele conta que desde o início da sua carreira tem uma grande afinidade com a área esportiva, atuando em time de futebol profissional. Ao se especializar em osteopatia, percebeu os diferenciais nos atendimentos “a osteopatia contribui promovendo uma biomecânica equilibrada, o desgaste das estruturas e incidência de lesões diminui absurdamente, além de facilitar o processo de recuperação entre treinos e competições.”
A atuação com atletas nem sempre é previsível, então, o profissional precisa estar preparado para lidar com as mais diferentes patologias que podem surgir. Depois que o fisioterapeuta amplia seu conhecimento em fisiologia, anatomia e a relação de todos os sistemas do corpo, os processos ficam menos complexos e o diagnóstico mais assertivo.
“O fisioterapeuta esportivo que atua com atleta de alto rendimento e que tem a osteopatia como ferramenta tem ganhos muito interessantes, diminuindo a incidência de lesões e abreviando muito o tempo de recuperação da grande maioria das lesões inerentes ao esporte.” O Dr. Daniel Queiroga deixou essa consideração e nós assinamos embaixo!
Trabalhar com atletas de alto rendimento é o seu objetivo profissional?